Era Maria de nome, como tantas
outras. Um nome corrente, usual. Vulgar, como não era a Maria em questão. Um
nome não faz a pessoa. Todas as Marias são diferentes. Há Marias de tudo e para
todos. Maria é um nome bonito. Mas esta não era só Maria. Tinha também nome de
rapaz. Contrariando as probabilidades, de Maria-Rapaz não tinha nada. Longo
cabelo escuro e tez caramelizada. Curvas novas bem definidas. Senhoril e sempre
bem apresentada. Abundava em si a frescura de alguém que tem a vida toda pela
frente.
Podia ter sido jornalista ou
enfermeira. Alto poder de observação. Ouvido mais que preparado. Sentido
crítico apurado e língua afiada. Sempre informada, sempre em cima do acontecimento.
Defensora dos oprimidos. Mãe adoptiva de todos os pequenos. Arisca, bem
atinada. Coração grande, cheio de emoções fortes e aventuras ainda por viver.
Era Maria. Mas Maria nunca foi só Maria. Trazia em si todos os sonhos deste
mundo.
(Café Contexto 3/52)
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