domingo, 18 de janeiro de 2015

Maria

Era Maria de nome, como tantas outras. Um nome corrente, usual. Vulgar, como não era a Maria em questão. Um nome não faz a pessoa. Todas as Marias são diferentes. Há Marias de tudo e para todos. Maria é um nome bonito. Mas esta não era só Maria. Tinha também nome de rapaz. Contrariando as probabilidades, de Maria-Rapaz não tinha nada. Longo cabelo escuro e tez caramelizada. Curvas novas bem definidas. Senhoril e sempre bem apresentada. Abundava em si a frescura de alguém que tem a vida toda pela frente.
Podia ter sido jornalista ou enfermeira. Alto poder de observação. Ouvido mais que preparado. Sentido crítico apurado e língua afiada. Sempre informada, sempre em cima do acontecimento. Defensora dos oprimidos. Mãe adoptiva de todos os pequenos. Arisca, bem atinada. Coração grande, cheio de emoções fortes e aventuras ainda por viver. Era Maria. Mas Maria nunca foi só Maria. Trazia em si todos os sonhos deste mundo.
(Café Contexto 3/52)

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