domingo, 14 de junho de 2015

Núvens

Podia escrever mil e uma coisas sobre núvens. Núvens mesmo. Algodão. Aglomerado de gotas diminutas, cristais de gelo em suspensão no ar. Acumulações de pó e de possibilidades. Uma multidão de formas, um exército flutuante imenso.
As incertezas que trazia na sua cabeça, e a cabeça que trazia sempre nas núvens. Um nevoeiro denso, sempre presente na sua vida. Cirros, nímbus, de todos os feitios. Sempre formaram um problema. Azares constantes, desilusões, desamores sucessivos. Uma bruma imutável que o impedia de prever e seguir para o futuro.
Passava os dias nuveando para cá e para lá. As decisões importantes sempre adiadas, e as dúvidas, tão presentes, escureciam-lhe o semblante, por vezes. Um dia fechá-las-ia, bem fechadas, bem longe. A cabeça colocaria os pés na terra e o seu coração encher-se-ia de leveza.
(Café Contexto 24/52)

Sem comentários:

Enviar um comentário