domingo, 9 de agosto de 2015

Libelinhas

Tardes de férias.
Águas correntes e libelinhas a esvoaçar.
Nível pelo joelho, peixinhos. Cardumes grandes de peixes pequeninos. Limos e rochas escorregadias. Paus-espadas e troncos-equilíbrios. De sandálias de plástico vistosas, e meias, e mentes abertas. Pedrinhas-tesouro bonitas. Godos que causavam círculos de água, ao atirar. Que alastravam de área, e se iam desfazendo.
Diques. Jangadas. Chapinhares de água, lutas de equipas. Sonoros mergulhos e xixis em qualquer lado. 
Rãs perseguidas, cativas em baldes coloridos. Rochas levantadas em busca de cobras de águas, pretas e escorregadias que lhes enchiam os pesadelos, meses a fio.
Aulas de natação, e de identificação de pássaros. Folhas de todos os feitios e fetos que faziam cócegas nas pernas. Formigas, bichinhos. Mundos à parte, descobertos com carinho. Curiosos, atentos, em alerta. Criativos, em contacto com a Natureza.
Eram os miúdos nus e felizes que brincavam no rio sem preocupações. Garotos pequenos, com mãos e pés pequenos, pouca altura e sonhos grandes.

(Café Contexto 32/52)

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