domingo, 13 de setembro de 2015

Benvenute

Chegamos a uma casa cheia de gente. Num caos controlado onde tudo se multiplica por 8. Há um cão a lamber-nos as pernas à entrada, que nos diz olá, e nos convida para entrar. Passando as bicicletas, dois lanços de escadas cheios de tralha com abóboras e cebolas, trelas, sapatos e sacos por todo o lado. Há fotografias de família, de férias, de animais e de momentos. Uma montanha de sapatos deixados por todo o lado. Uma colecção de escovas de dentes e outra de toalhas, e uma panóplia de embalagens de tudo, no quarto de banho. Há partituras por todo o lado, e uma ou duas guitarras encostadas a qualquer coisa. Pertences pessoais deixados em qualquer parte. E há livros. Muitos livros. De tudo o que se queira encontrar.
Atrás de uma porta, uma mãe preocupada que gere a casa a partir da cozinha. Há compota ao lume e o perfume é doce. Uma mesa colorida com cadeiras todas diferentes. Armários carregados de objectos bonitos e memórias. Imagens nas paredes com partes do mundo diferentes.
Há recheio para massa fresca na panela, quase pronto.
Arruma-se a mesa. Polvilha-se a farinha, faz-se uma linha de montagem.
Prendadas com um delicioso tortello, tomates de Veneza, parmegiano e prosciutto de Parma, lambrusco tinto do avô, pêssegos que alguém deu, e limoncello feito em casa.
Há um miúdo a fazer asneiras e um pai a repreendê-lo, um rapaz ansioso por saber se entra numa peça de teatro, um jogador de râguebi com um ombro deslocado, uma menina cansada do treino de voleibol e um italiano muito português a contar estórias do teu país.
Conversas em línguas diferentes, partilha e sorrisos.

(Café Contexto 37/52)

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