Quando eu morrer, sei exactamente para onde quero voltar.
O rio.
Saudades do cheiro a terra, e do som da água corrente.
Há um pequeno gorgolejar delicioso, audível se permanecermos em silêncio. Pedras cobertas de limos, com sapos e girinos. Peixes de várias cores e tamanhos. Canas, que vergam e assobiam com o vento. Uma brisa quente vinda do leste, anuncia que vai chover.
As árvores altas e antigas perdem as folhas, uma a uma, delicadamente. Tocam a superfície da água, seguem na corrente. Um espelho de núvens interminável, repete o céu. Uma ave passa.
Está próximo. Vejo já Caronte. Contas acertadas já, só me resta mesmo adormecer e não mais acordar.
(Café Contexto 38/52)
Fotografia de JPedro Martins
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