domingo, 11 de outubro de 2015

Árvore

Ser mais árvore. Ramos em vez de braços, raízes em vez de pés. Entrançados de galhos. Cabelos por folhas. Passarinhos.
Subsistir com o básico. Água, comida, suporte forte, onde agarrar. Tronco direito e erguido, à superfície da terra. Pensamentos tranquilos, ideias iluminadas. Corola frondosa. Cada vez mais céu, cada vez mais luz.
Gritar aos céus, em silêncio. Não reagir. Apenas ser. Estar. Permanecer.
Árvore muda, imóvel, imortal. Que não quebra, que não dobra, que não verga. Que resiste às intempéries. Resiliências e serenidades, ao enterrar sub-repticiamente bem, as raízes nas profundezas do próprio ser. Observando o tempo a passar.

(Café Contexto 41/52)

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